Você já conferiu aqui no blog o passo a passo para realizar o processo de adoção no Brasil. Mas o que faz uma adoção ser bem-sucedida? Como fazer para a adoção dar certo? E aqui não estamos falando do sucesso no processo burocrático, mas sim na construção de uma relação próxima e duradoura entre pais e filhos.
Uma das primeiras ilusões que os pais devem deixar de lado é a da perfeição na parentalidade, independente se é pela via da adoção ou não. É preciso ter consciência de que pais perfeitos não existem, o que existe são os pais possíveis: maduros, amorosos, dispostos a fazer seu melhor pelos filhos. E claro, como tudo na vida, sempre haverá algo novo com o qual não vamos saber lidar e teremos de aprender, e está tudo bem!
Crianças e adolescentes precisam de adultos amorosos que estejam dispostos a enfrentar junto com elas os desafios e problemas que venham a surgir ao longo da vida, aprendendo juntos.
Para isso, é preciso que os pais tenham clareza de seus próprios limites. Quais são intransponíveis, quais poderão ser trabalhados e melhorados e até mesmo quais qualidades nossas estão adormecidas. É o famoso “conhece-te a ti mesmo”.
A mãe ou pai em potencial deve estar disposto a fazer diferença na vida de seus filhos, e para isso a estrutura e estabilidade emocional são primordiais. Há qualidades que podem ser desenvolvidas aplicando técnicas e estratégias corretas com os filhos.
De acordo com o trabalho da norte-americana Linda Katz, Doutora em Psicologia e Mestre em Desenvolvimento Infantil e Familiar, são nove qualidades identificadas que estão presentes nos pais e mães considerados bem-sucedidos na parentalidade pela via da adoção. E que servem, claro, para todos os tipos de famílias.
Capacidade para encontrar a felicidade nos pequenos passos
Ao invés de focar em objetivos grandiosos – o que acaba projetando uma cobrança excessiva em seus filhos – comece celebrando o sucesso deles na realização de pequenas tarefas diárias, ajudando-os a viver no presente e trazendo bem-estar a cada vitória!
Confie no processo
Há pais que, ao enfrentarem as primeiras dificuldades com os filhos, como uma possível rejeição, perdem a própria confiança. É preciso persistir, tendo em mente que essas crianças e adolescentes, antes de se tornarem nossos filhos, passaram por traumas e dificuldades que acabaram por gerar esse tipo de comportamento. Um pai ou mãe bem-sucedido vê esse comportamento como uma tática de sobrevivência para impedir que qualquer adulto os decepcione, machuque ou rejeite novamente. O segredo é compreender, trabalhar, respeitar o tempo da criança e esperar.
Tolerância com seu filho e com você mesmo
Crianças que passaram por acolhimento institucional, sobretudo as mais velhas, que já têm capacidade de discernimento e que passaram a Primeira Infância em casas de acolhimento, costumam demonstrar dor em relação ao passado, através das dificuldades de relacionamento e comportamentos destrutivos, por exemplo.
Como dissemos no item acima, pais bem-sucedidos são capazes de sentir esses sentimentos negativos, processá-los e separar aqueles que vem da criança. E ainda que sintam raiva em alguns momentos, sabem que não devem “descontar” esse sentimento em seus filhos, mas antes, colocar a maturidade de um adulto em prática e esperar que o sentimento negativo passe. Para trabalhar esse aspecto, é possível manter contato com terapeutas e/ou grupos de pais que passam por situações semelhantes, por exemplo.
Flexibilidade
Quando a adoção é feita por um casal, um fator que distingue os adotantes bem-sucedidos é a capacidade de um dos pais perceber os sinais de desgaste no outro e assumir o papel de cuidador enquanto o parceiro estressado se recupera. Essa atitude simples aumenta a probabilidade de sucesso de uma família, pois traz apoio mútuo: um assume o tratar com o filho enquanto o outro descansa e recarrega suas energias.
Começamos agindo como pais, e só depois nos transformamos em pais.
A flexibilização também pode acontecer na monoparentalidade, se existir uma pessoa próxima que possa fazer esse revezamento. Pais solteiros e mesmo os casais podem encontrar resultados semelhantes quando:
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- Constroem uma rede de suporte, através do contato com outros pais.
- Tem amigos com quem podem conversar e que estejam dispostos a ajudar.
- Tem a possibilidade de contar com um cuidador de confiança, para que ao menos uma vez na semana possam ter um momento de lazer.
Visão sistêmica da família
Em uma família não há um mocinho e um vilã, nem tampouco culpados. Somos todos humanos, assim cada comportamento e relação interpessoal têm uma série de nuances que, se bem avaliados, ajudam a enxergar melhor as dificuldades e como proceder para melhorar.
Assumir o controle do papel de pai e mãe
Assumir o papel de pai e mãe não significa dominar, mas tomar a iniciativa do relacionamento, estabelecer limites, atender às necessidades da criança, nutrir e estabelecer as bases para construir a intimidade com ela. Em resumo, os pais devem sempre que necessário lembrar que eles são os adultos da relação, e não o contrário.
Persistência em desenvolver o relacionamento com seu filho
Os pais adotivos bem-sucedidos de crianças mais velhas sabem que precisam tomar a iniciativa no contato, assumindo a liderança. Ao mesmo tempo em que entendem que é preciso tranquilidade e paciência, assumem que são responsáveis por ajudar a criança a internalizar que o relacionamento com um adulto pode ser saudável, estável e seguro. Pais eficazes são ativos e fazem o mesmo que os pais de bebês e crianças pequenas, oferecendo reforço positivo e afeto físico, além do emocional, sempre de maneira cuidadosa a fim de gerar intimidade e confiança.
Prática do autocuidado e uso do humor
É um clichê, porém real: não conseguimos ajudar ninguém se não estivermos bem conosco mesmo em primeiro lugar. Os pais com um estilo de vida equilibrado, contam com estratégias de autocuidado e humor no seu dia a dia, estabelecendo um padrão saudável de convivência e praticando a parentalidade sem martírio. Noites regulares de sono e folgas ocasionais nos finais de semana ajudam os pais a terem mais perspectiva, a se reorganizarem e voltarem à família com energia renovada.
Estar sempre aberto a receber ajuda
Por fim, quando as famílias decidem adotar crianças com problemas severos ou necessidades especiais, precisam estar abertas a aceitar ajuda de várias fontes: outros pais, amigos, professores, terapeutas, assistentes sociais e por aí vai. Não se sinta mal, enxergue essa ajuda como um apoio, e não como uma ameaça. Tudo isso torna o exercício da parentalidade muito mais leve e prazeroso.
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