As histórias de adoção são sempre comoventes. Uma mãe nos conta os desafios e seus aprendizados, após ter adotado um lindo garotinho de quatro anos. Leia aqui no blog do IGA uma história real de adoção e doação, com seus altos e baixos e, principalmente, com muito amor, dedicação e recompensas. Confira as dicas práticas e inspiradoras, que servem para qualquer relação de maternidade.

“Dizem que a intenção é sempre o que conta. E no caso da adoção do meu filho, foi o que nos salvou, o desejo de dar e receber amor”.

Quando o adotei, achava que estava preparada. Tinha feito terapia, esperado longos três anos, contava com muita autoconfiança. Mas, olhando em retrospectiva, o que nos salvou foram exatamente as dificuldades que tivemos.

Hoje, ao me perguntar se faria novamente, a resposta é SIM para a adoção. Porém com vários ajustes no processo. Pensando naquele best-seller “Ah, se eu soubesse…”, aqui vão minhas dicas:

PREPARO: de verdade, nunca é demais. Ter um filho pela via da adoção não é melhor nem mais difícil do que gerar na própria barriga; só é diferente. E, exatamente por isso, fez muita falta eu não ter participado de um Grupo de Apoio à Adoção, antes e logo depois da adoção; ter lido mais… Fez falta trocar com quem passou o mesmo que eu e perceber que muitas das minhas angústias não eram únicas;

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AMOR SE CONSTRÓI: o medo interno de toda mãe é “e se meu filho não me amar?”. No caso da maternidade pela via da adoção isso é ainda mais assustador, afinal aquele serzinho não nasceu de você. Mas aqui se prova o que parece um clichê e, de fato, é uma verdade. A gente não nasce amando, nem sabendo amar, e em várias situações vai até sentir raiva daquela criança. E, principalmente, vai odiar a si mesma por tal sentimento. O gostar, o sentir falta, o não viver sem, vem aos poucos, bem devagar, de ambos os lados, e cresce com os desafios;

DÓI: dói, e muito. Ser mãe adotiva exige ainda mais esforço, você vai ouvir muitas vezes que a “mãe do passado” (é assim que ele se refere) é melhor, vai ser dureza enfrentar os preconceitos da família, dos amigos da escola, de outras mães (sim, eles existem!), não saber o que fazer enquanto seu filho se adapta ou quando te rejeita, agride, tem comportamentos inadequados;

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NADA SERÁ COMO ANTES, PRA MELHOR: lembro que antes de adotar, via meu irmão com sua filhinha fazendo bagunça na cama, ao acordar nas manhãs de domingo e pensava “um dia farei igual”. Sim, hoje meu filho às vezes me acorda de surpresa, dizendo que sou a melhor mãe do mundo. Ou como dias atrás, quando disse que também “me adotou”, aliás, tudo a ver com Atitude Adotiva (para saber mais, assista o vídeo ou leia o artigo sobre Atitude Adotiva). É como aquele comercial, “isso não tem preço…”. O que dizer do orgulho de quando começou a ler e escrever, de ser seu companheirão nas viagens, tagarelando o tempo todo, entre alguns exemplos;

NADA SERÁ COMO ANTES, PRA PIOR: isso vale para qualquer tipo de maternidade. Aceitar esse fato e procurar manter o equilíbrio faz toda a diferença. Muitas vezes vai ser pior do que sua vida anterior: não é fácil ter que se privar, por anos, de poder ficar na cama até tarde; muitos amigos irão sumir porque simplesmente não dão conta de uma amiga-mãe; dizer adeus às viagens de última hora (só quem é mãe sabe como é difícil preparar uma viagem, mesmo que de fim de semana) e por aí vai, a depender do seu estilo de vida anterior;

“O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…”

RELAXAR: pode parecer estranho, mas senti falta de ter rido mais. Passei boa parte desses anos tensa em tentar fazer o melhor, acertar, levar meu filho a todos os médicos e terapias possíveis, que nem sempre tive tempo para mim mesma (algo em comum com todas as mães de primeira viagem?);

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VOCÊ VAI ERRAR MUITO: e tudo bem, isso vai acontecer muitas vezes. Ouvi um dia desses que a “a gente não acorda pensando ‘Hoje eu vou errar’. A gente quer sim, que tudo dê certo”. Então, faça o melhor que puder, com preparo, ajuda e consciência, mas sem culpas;

TODA MUDANÇA É SEMPRE PRA MELHOR, mesmo que na hora não pareça”: esse é meu lema de vida, na verdade. Sair da zona de conforto não é agradável, tampouco fácil. Tem um momento inicial que tudo parece pior, errado, mas com o tempo as coisas vão se encaixando, numa nova normalidade. E às vezes é preciso anos, pra gente perceber os resultados de nossas escolhas e que a vida mudou pra melhor. Abri mão de muitas viagens e amizades, perdi um tempo só meu, passeios de última hora, almoços de sábado… Mas também cresci em aprendizados e ganhei vários outros amigos, que adotei e me adotaram, o que sem dúvida não teria acontecido se não tivesse feito essa grande mudança de vida;

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VOCÊ VAI MUDAR: complementando a ideia anterior, tenha em mente que muitos dos seus valores e comportamentos irão virar do avesso. Eu doei boa parte do meu guarda-roupa, dos sapatos, mudei o cabelo, engordei, emagreci, mudei de profissão. Ser mãe, seja biológica ou pela via da adoção, faz a gente se rever por fora e por dentro. Cada uma, tem seus próprios caminhos e tempo. Mas a perspectiva nunca será a mesma, isso sim é verdade;

ESPIRITUALIDADE: independentemente da sua orientação religiosa, muitas vezes acreditar em Deus e orar foi a única coisa que me manteve em pé e equilibrada;

COMPENSA: afinal, pra que todo esse trabalho se não for pra melhor ????? A balança na maior parte das vezes estará desequilibrada, pra um lado ou pra outro, mas nunca tive dúvida sobre essa questão. Talvez esta tenha sido minha auto motivação diária, de conseguir reconhecer que, mesmo que eu considere que ainda tenho muito o que aprender como mãe, já vale a pena AGORA!

Obrigada pela leitura e que você adote e seja adotado!”

A adoção no Brasil e suas diretrizes são parte fundamental do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) está completando 30 anos. Para saber mais sobre o tema e ler mais textos como esse, baixe gratuitamente nosso e-book clicando aqui.

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